terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Ser um Monstro | Ser Monstruosa

SER UM MONSTRO | SER MONSTRUOSA

Conheço uma pessoa que se acha ser um monstro, ou pelo menos acredita que tem um dentro dela. Percebi que esta pessoa se sente assim porque o mundo à sua volta o faz acreditar nisto. Quando nós temos gostos peculiares, sentimo-nos únicos, diferentes e especiais. Isto até é bom e sabe bem, o problema é quando os outros não conseguem aceitar o que somos. Começa o julgamento e a crítica. As pessoas adoram apontar o dedo a tudo o que é diferente e fora do comum, e fazem isto, regularmente, para elas mesmas se sentirem melhores com elas próprias, porque lá no fundo sabem que também não são nenhuns anjos caídos do céu.
Já eu, acredito que seja uma pessoa monstruosa e não um monstro. A diferença é que as pessoas monstruosas são natas a fazer sofrer os outros, principalmente aqueles que mais nos amam e apreciam. Vou tentar explicar o porquê de ser monstruosa… 


Eu, sendo borderline (e não usando isto como um escudo ou um rótulo, uso isto mesmo como desculpa para aquilo que sou, porque no fundo é o que sou, é a minha personalidade, e por mais que tente “curar” e “controlar”, não deixa de ser a minha personalidade, não é feitio), sou viciada em emoções fortes e intensas, como uma droga qualquer. Este vício, como qualquer outro, não é saudável, leva-nos a fazer coisas inexplicáveis, sem desculpas, e claro, trás grandes consequências. Como somos viciados em sentimentos de tristeza e dor, nós tentamos provocar situações de dor e tristeza constantemente. Não sabemos o que é estar/ser feliz, isso não faz parte do nosso dicionário, mesmo que tenhamos uma vida perfeita. Perfeição é igual a tédio. Agora é claro que isto é tudo inconsciente, não é planeado! Ninguém planeia: “meh, estou aborrecida, vou bater em alguém”, não é isto que acontece. Tudo acontece naturalmente, e nós nem estamos à espera! Não temos a mínima consciência do que aí vem. Isto é auto-sabotagem inconsciente. Isto é ser monstruoso com nós próprios, e claro, com aqueles que estão à nossa volta e no nosso mundo. Todos sofrem. Então agora pensando bem, qual é a maior dor para além da nossa? é ver aquele que mais amamos a sofrer por nossa causa. Então é nisto que sou nata. Destruo vidas, corações… destruo tudo por onde passo. Sou uma pessoa monstruosa, o meu hobby é destruir o que amo. Assim eu também sofro com isso, é como se fosse 2 em 1: sofro porque quem eu amo está em sofrimento, e sofro porque quem eu amo está a sofrer pela destruição que causei. Por estes motivos, eu isolo-me e afasto todos aqueles que me amam e que eu amo, às vezes da pior maneira, mas isto porque sei que estão melhores sem mim na sua vida. Eu quase que aviso que sou monstruosa, sendo monstruosa. Porque usando apenas palavras, ninguém acredita e todos criam uma expectativa de que sou uma fofinha, até eu me revelar. já me chamaram de demónio… e tive para titular o texto como monstro | demónio, mas cheguei à conclusão que o que sou mesmo é monstruosa. Um demónio é o que é, sabe o que é, tem orgulho no que é, tem prazer no que faz. Eu não tenho prazer nenhum. Só tenho prazer em ser humilhada (literalmente), e daí, ter-me cruzado e apaixonado por alguém que se chama a si de monstro, porque este tem prazer em humilhar. É o que mereço.

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