sábado, 8 de dezembro de 2018

Desaparecer | Morrer


DESAPARECER | MORRER

Penso várias vezes em desaparecer daqui, mas sei que mesmo o fizesse, eu iria trazer-me a mim própria comigo. Estou constantemente a querer mudar de “ares”, toda a minha vida mudei sempre de casa, de escola, de cidade e até mesmo de país. Mas nunca me senti bem estivesse onde estivesse. Como diz a música de António Variações: “Estou bem, Aonde não estou, Porque eu só quero ir, Aonde eu não vou, Porque eu só estou bem, Aonde não estou, Porque eu só quero ir, Aonde eu não vou, Porque eu só estou bem, Aonde não estou” …
Reparei que não consigo ser feliz em lado nenhum, ou com pessoa alguma. Não consigo ser feliz. E a razão de não o conseguir é porque eu não estou bem comigo própria. Odeio a minha pessoa, odeio tudo em mim. Cada vez que me olho no espelho, tenho vontade de espetar uma faca na cara e desfigurar-me. Já fiz cortes várias vezes com tesouras, x-atos e vidros, mas as feridas saram e desaparecem com o tempo. Isto seria uma maneira de me “arranjar” fisicamente, mas o interior também é podre. Tenho vontade de beber ácido para poder destruir-me por dentro. Odeio tudo em mim, eu sou um erro. E o pior é que não tenho vontade alguma de mudar. Não quero mudar porque não quero ser como todo o mundo. Mesmo se mudasse, eu seria infeliz. Não há qualquer solução para mim sem ser medicação, internamento talvez. Mas a melhor solução seria a morte. Desejo todos os dias acordar com alguma doença grave, porque eu própria sou cobarde o suficiente para não ter coragem de me matar. Mas passo dias a imaginar a minha morte, o meu funeral… como se fosse mais ou menos um plano. Já fiz várias pesquisas, já tentei ligar para uma linha de apoio à prevenção ao suicídio. Ninguém atende. Parece mais um sinal a dizer-me que não há ajuda, a vida diz-me todos os dias “mata-te”. As pessoas à minha volta iriam ficar satisfeitas pelo meu “desaparecimento”. Pois tudo o que aqui faço é destruir. Tenho pena dos meus pais quando olham para mim cheios de amor no olhar e orgulho na minha pessoa, somente porque sou filha e acreditam no melhor que há em mim, que é 0. Só que eles não veem isso. Veem apenas uma menina que é do seu sangue, tenha os defeitos que tiver, irão sempre amar-me, mesmo que fosse uma assassina. Isto irrita-me. Porque é que não veem o monstro que há em mim? Porque é que não tenho pessoas à minha volta que me incentivam a matar? Porque é que há apenas apoios à prevenção? E não ao incentivo?? Porque é que é assim tão errado uma pessoa matar-se? Mas não é errado matar outros em guerra? O que a sociedade nos ensina, é que a solução para o mal na vida, é acabando com ele. Isto é o que quero fazer comigo. Só preciso de ajuda.

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