sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Estar Só | Sentir Só


ESTAR SÓ | SENTIR SÓ

Querer estar só e sentir-se só, são duas coisas completamente diferentes.
Querer estar só, é querer estar na sua própria companhia, aproveitando o seu tempo livre sem quaisquer distrações. Assim parece possível fazer tudo em pouco tempo. Eu adoro estar sozinha, adoro namorar-me. Gosto de chegar a casa, fazer umas pipocas e ver um filme sozinha. Quero ter tempo para ler, fazer exercício, cantar e dançar com ninguém, realmente, a ver. Quando estamos sozinhos, conseguimos tomar decisões sem opiniões, conseguimos fazer o que quisermos e quando quisermos sem ter que dar explicações. Alem disso, nunca fazemos nada por obrigação. Está tudo nas nossas mãos. E a verdadeira felicidade está em poder ser quem realmente somos sem sermos julgados. Sem etiquetas, sem aquela preocupação do que é que o outro irá pensar. Não temos de agradar ninguém a não ser a nós próprios. E isso é uma tarefa fácil quando estamos sozinhos. 
Sentir-nos sós não é carência ou querer/precisar de companhia. Sentir só, é não sentir-nos compreendidos, sentirmos-nos diferentes dos outros, sentir diferente do que é considerado normal. daí existir o desejo de querer estar só. A solidão é sentida quando estamos rodeados de pessoas e nos sentimos estranhos, desconfortáveis, diferentes, destacados, deslocados, incompreendidos… por aí fora. 
As pessoas estão constantemente a querer mudar a nossa maneira de pensar, ser, estar. Chego a pensar que eu não pertenço a este tempo, isto deixa-me desconfortável e faz-me sentir infeliz na maior parte do tempo.
As pessoas… ai, as pessoas… a sociedade… o mundo está contaminado de pessoas “normais”… cada vez sinto mais necessidade em isolar-me. 

Qualquer das formas, hoje percebi que é necessário também compreender ou tentar compreender uma pessoa “normal”. Da mesma maneira que eu gostava que me ouvissem, aceitassem e talvez compreendessem, terei eu de fazer o mesmo com esses “bichos normais”.

Quando estou sozinha, eu tenho vontade de viver! Quero fazer tudo! Cozinhar uma receita nova, ler um livro, dançar com a musica bem alta, regar as minhas plantas e cuidar delas, fazer um carinho aos nossos animais de estimação, comer sem etiquetas, cantar em voz desafinada mas bem alto e sentir-me à vontade com isso, ver desenhos animados mesmo sendo um adulto, rir de piadas próprias, ir almoçar ou jantar fora, ir ao cinema ver aquele filme que ninguém gosta, visitar uma galeria… basicamente poderia aqui fazer uma lista enorme de actividades que me apetece fazer enquanto estou sozinha. Mas o que quero dizer, é que realmente, com estas coisas, eu me sinto uma pessoa realizada e feliz, porque estou a ser apenas eu. O verdadeiro EU. 

Quando me sinto só, quero morrer. Não num sentido de “vou me matar”, mas no sentido de “porque é que eu não tive a oportunidade de decidir se queria nascer? Se tivesse tido, escolheria nunca ter existido” e o ciclo começa. A sensação de cobarde, de culpa, de raiva, de tristeza… sentir realmente de que eu sou o problema de tudo o que acontece à minha volta… ai aquele aperto no peito… sabes aquela dor? Aquela angustia? Aquele ardor no peito? Parece que o coração vai rebentar? Aquilo que nos mata por dentro mas nos dá um certo prazer porque nos faz sentir vivos??? aquelas emoções fortes que ninguém compreende!!! E o ciclo continua… as pessoas ao não compreenderem, ainda nos fazem sentir pior, sentimos-nos desvalorizados… porque “não existe motivo para estarmos assim, há pessoas piores que nós”… bla, bla, bla. O que é que nos fez sentir mal inicialmente? Falta de compreensão, como é que as pessoas reagem? Dando menos compreensão… 
E isto é um mar revoltoso. 

Voltando ao estar sozinha…
Ahhhh que alivio! Finalmente de volta à minha toca, confortável e segura. Aqui ninguém me pode fazer sentir mal. 


E esta é a diferença entre estar sozinha e sentir só.

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